Wednesday, December 20, 2006

Sistematizar, organizar e optimizar


Vivo numa sociedade que sistematiza, organiza e optimiza. Vivo no tempo da eficiência, doing things right, e da eficácia, doing the right things. Vivo a contra-relógio, na perseguição do último deadline, vivo da exploração do recurso que fará ultimamente a diferença. Temo viver numa guerra que criei e que teimo continuar a alimentar.
Começo a estar cansado, cansado dos desafios e do muito pouco tempo. Estarei só?

Exames [a vida segue dentro de momentos]!


Tuesday, December 05, 2006

Aulas de Inglês

Ouvir um interlocutor governamental de peso, de muito peso [não que seja pesado, mas importante, mais importante só o Pinho e o Sócrates], numa área tecnológica [plano, não sei se percebem ] a discursar perante uma audiência internacional num inglês de dúbia perceptibilidade fonética é simplesmente brilhante:

Summit é Sumite
Mechanism é Mexanisme
Challenge é Xálenge
Procedure é Proxedure
Obstacle é Obestaquele

e simultaneamente intrigante sobre a qualidade das "lideranças" neste nosso país.

Friday, December 01, 2006

Galactica



Tinha que vir parar aqui. Falar de ficção científica como uma perfeita analogia dos tempos modernos, da crueza da dualidade humana no contexto da guerra ocidente-médio oriente, ou das batalhas da consciência humana no limiar da sobrevivência dificilmente poderia ser esperado. Nos antípodas da série original, a nova série Battlestar Galactica consegue isto. Fala em muitas coisas, acreditem. Consegue passar uma visão quase cinematográfica e pouco comum em séries televisivas (http://www.scifi.com/battlestar/) onde até um solo de piano combina de forma brilhante com uma nave espacial. Claro está que não posso deixar de referir a presença de Tricia Helfer como number six. Boa actriz boa. Resta dizer que é a única série que vejo. Não que não gostasse de ver outras coisas, mas televisão, por agora, não obrigado.

Porque o antes ficou sempre melhor

eu não quero mais,
porque estou louco
o amor por ti
que ficou agora
como quando partiste
antes morreu

Tuesday, November 28, 2006

Leituras

eu não quero mais,
porque estou louco
o amor por ti
que ficou agora
como quando partiste
sempre morreu

A fronteira










Não sei que propósito serve a inteligência [por vezes]. O propósito do incómodo ou o despropósito da dúvida. Ser vegetal tem vantagens [Não questionar a circularidade dos circuitos pedestres no NorteShopping]. Ser-se conformado com as realidades tangíveis das nossas vidas leva a caminhos fáceis. Sem dúvida. As dúvidas persistem nos inteligentes ou nos imensamente sonsos. A fronteira é ténue.

Uma Foto, Uma Cidade

Casa




















Regresso ao meu blog depois de algum tempo fora. Fora de mim.
Vida farta de pouco tempo. A minha vida tem sido carrossel de emoções nos últimos tempos. Será que muda?

Neste regresso, constato o cheiro típico da casa depois de semanas fora. O cheiro da familiaridade, do acolhimento e do conforto. Já não quero mais sair.

Monday, November 13, 2006

Liberdade




















O meu blog é liberdade. Liberdade de ser, como sou, sem lugares comuns ou consensuais. Os blogs deveriam ser mais assim, livres, pouco espartilhados pela ânsia de encontrar leitores ansiosos de trivialidades. Não que pretenda ser um intelectual. Abnego-os totalmente. Mas reconheço que falta ânsia. Ânsia de franqueza e ânsia de frontalidade. Não destruo amizades, mas não procuro plataformas de entendimento comum. O meu blog é feito de mim porque não poderia ser feito de mais ninguém a não ser das minhas coisas, daquilo que é genuinamente meu, e que me faz ser quem Eu sou e não tu.

E o teu blog, de que é que é feito?

Saturday, November 11, 2006

Encontro









Não sei se te vou ver
Hoje, amanhã, quem sabe talvez
Não sei se passarei por ti
Nem saberei se te vou ver
quando te vir
Um dia qualquer

Não sei por onde andas
para além da minha cabeça
quiçá onde agora estou eu

Não sei se o destino será nosso
ou apenas meu

Só sei que estarei onde estiveres
se o meu nome ao vento o soprares

Sebastião Rodrigo

Uma Foto, Uma Cidade

Desafios

Reza a tradição: "Cada bloguista participante tem de enunciar 5 manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher 5 outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento".

1. Tiro teimas acerca daquilo que não sei sobre o meu futuro aproveitando qualquer papel que atire ao cesto de lixo: papel no cesto: futuro A; papel fora do cesto: futuro B

[engraçado que nunca confrontei os resultados da minha pontaria com a realidade concretizada, até porque ignoro os resultados quanto não me agradam ou repito o tiro ao alvo até me sair o que realmente desejo que ocorra];

2. Todos os meus relógios estão adiantados

[adianto-os uns minutos em relação à hora certa, de forma a que não saiba com rigor quanto estão adiantados. Sei que isto não resulta porque i) a minha preocupação imediata é saber quantos minutos os relógios estão adiantados (carro=telemóvel: seis minutos; relógio de pulso 1=8 minutos; relógio de pulso 2=13 minutos!); e ii) chego sempre atrasado];

3. Dobro sempre o meu pijama pela manhã;

[o pijama assumiu um protagonismo mediático na minha rotina matinal. como não gosto de ser refém disso, passei a dormir nú]

4. Sou um comprador compulsivo de produtos de limpeza;

[assumo que ainda não compreendi esta minha estranha tendência]

5. Sempre que apanho uma farda, bebo água como um dromedário sedento.

[isto deve dever-se ao facto de estar a ficar velho, já não aguento apanhar uma farda, dormir 4 horas e acordar sem sabor a giz na boca. A água tem ajudado a aliviar estes sintomas]

Tenho que ir ao médico.

Passo o desafio a:

Tripas - http://redutonortenho.blogspot.com/

Pérola Negra [ambos bons amigos] - http://redutonortenho.blogspot.com/

Xico - http://blogameisto.blogspot.com/

Padre Frederico - http://alguresfugidonaamazonia.blogspot.com/

Guarda Abel - http://batenumbenfiquistaqualquer.blogspot.com/

Tuesday, November 07, 2006

Preguiça intrínseca














Há muito tempo que não retorno ao meu blog.
* Primeiro motivo: muito trabalho. O trabalho, por vezes, pesa-me como uma manta de aço. Tolhe-me a disponibilidade de vir aqui, pensar e escrever.
* Segundo motivo: a ausência deste nosso país. A ausência no estrangeiro é mais uma condicionalidade fortuita que não me impedindo, dificulta.
* O terceiro e maior, se não mesmo o real motivo: preguiça. Daquelas profundas, que nos entranha e paralisa. Não me apetece escrever. Não que não escreva. Mas não escrevo aqui.

Decisão









Tenho que decidir. Tenho que decidir sobre o futuro da minha relação, em certa medida, sobre o resto da minha vida.

Monday, October 23, 2006

Haja blogs assim!

O Reduto Nortenho é uma lufada de ar fresco no rigor informativo [é tudo menos rigoroso] dos blogs de nova geração. O elevado cuidado na qualidade estética [isso tem bastante] e o apuro da escrita [quais Homeros dos tempos modernos] tornar-me-á um assíduo visitante.

Simplicidade













Gostava que a minha vida, por vezes, só às vezes, fosse um pouco mais simples.
Para mim, um desenho de Escher já seria simples o suficiente como metáfora da minha vida.
A minha vida, longe disso, complica-se. Gosto tanto de coisas simples.

Thursday, October 19, 2006

Uma Foto, Uma Cidade

Um pouco de cultura

Admito que gosto da cultura americana. Presenteou-nos com Hemingway, Steinbeck, Pollock...mas tenho que admitir que também gosto da verdadeira cultura de massas. Com destaque para a cultura em torno da mulher que a sociedade americana tão bem sabe produzir. Até porque sou homem e porque admito, sem falsos eufemismos, que gosto de mulheres. Ser culto e inteligente não implica necessariamente ser pastor cosmopolita com falsos pretensiosismos de intelectualóide assexuado.

Não que goste de toda a banalidade pornográfica. Mas é admirável como os americanos [que não o falso púdico do Sr. Bush] se empenham tanto no embelezamento femenino de coisas banais, e em especial de calendários. Melhor que Robert Capa ou Henri Cartier Bresson, o calendário da Sports Illustrated funciona como um brilhante representante da fotografia contemporânea Norte-Americana. Deixo aqui uma mostra.

Fosse Eu outra pessoa

A omissão é terrível. No Café do molhe, esqueci-me do seu Autor: Manuel António Pina.
Tirei o poema de um livro pequeno [que um homem decente compra livros], mas muito bom: Nenhuma palavra, nenhuma lembrança. Recomendo. É barato e na FNAC compra-se de certeza.

Gostaria Eu de ter a virtude da prosa e poesia deste Senhor. Como não tenho, transcrevo. Se escrevesse assim, não faria Eu o que faço e seria provavelmente muito mais feliz. Não que não goste do que faço, mas fico sempre com a impressão [como esta que tenho eu agora] que poderia também fazer outras coisas, mais ao gosto do comum dos mortais. Mas não, sou o que sou e faço o que faço.

Não tenho escrito muito. Mas há dias e há dias. E os meus dias [de hoje] são pobres em vontade de escrever, porque escrever recorda, porque recordar magoa, porque magoar amargura. Melhores dia virão.

Tuesday, October 17, 2006

Café do molhe














Perguntavas-me
(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)

porquê a poesia,
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia

que a resposta estava
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de Léon que Poe

(acho que era Poe)
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse

de pouco me teria
então servido, ou de nada.

Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito

sobre a mesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sobre a tua blusa acesa

que tudo o que soubesse não o saberia.
Hoje sei: escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada, por exemplo.

Justiça










Nunca mais me esqueci de um jogo do Porto com o Hamburgo, para os quartos-de-final da taça UEFA, época 89/90. Eu, da Superior Sul do Estádio das Antas, vi um defesa alemão a defender sobre alinha de golo um remate [já não me lembro de quem] com o braço. O árbitro não. O Porto não passou, apesar de ter ganho 2-1. Até hoje não me esqueço da frustração com que voltei para casa. Só foi pena, hoje, o Hamburgo não ter levado mais.

http://www.technorati.com/

Technorati Profile

Espeleologia















Vir aqui é descobrir um pouco mais de mim, é viajar às profundezas da minha construção emocional, é chegar ao centro do que sou.

Sunday, October 15, 2006

Escolha múltipla

Qual o propósito máximo de um blog pessoal e anónimo? [é que existem tantos…]

a. Partilharmo-nos a todos sem dizer quem somos?

b. Partilharmo-nos a todos sem saber quem somos?

c. Partilharmo-nos a todos para saber quem somos?

d. Nenhuma das anteriores

Pirata










Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.

Sophia de Mello Breyner

Que mundo criámos?

Saturday, October 14, 2006

Os incapazes

Não me aborrece lidar profissionalmente com incapazes. Lido a primeira e a última vez. O que me mata realmente é lidar insistentemente com incapazes com poder. Aqueles que, tipo lapa [a lapa tem os melhores sistemas adesivos do mundo animal], se apegam ao poder de forma insistente como se isso fosse a única tábua de salvação das suas vidas. Conheci uns tantos na minha vida. São aqueles de percursos obscuros [que outros também reconhecem – BG pelo menos] e pouco justificáveis. Atingiram os lugares por lógicas pouco relacionadas com o mérito pessoal [são medíocres]. Atingiram-no por questões de fidelidade, apadrinhamento ou vulgo cunha. De uma maneira geral, não possuem uma capacidade de auto-análise suficientemente desenvolvida para percepcionarem o quanto maus são e o quanto mal fazem. Conheci gente deste tipo em contexto nacional e internacional. Independentemente da nacionalidade, esta malta faz-se da mesma matéria: incapacidade de liderança, falta de visão estratégica, ignorância profunda, ausência de sentido de humor, prepotência q.b., e hipocrisia e cobardia em doses compatíveis. O problema desta gente, não é ser apenas assim. O problema desta gente é o grande dano que causa quando tem realmente poder. E acreditem, existe assim muita gente. Não é que sejam todos, todos iguais. São muito semelhantes. Mas há uns pior que os outros.

O problema de Portugal, com o nosso nacional-porreirismo, é que mantemos e continuamos a manter gente desta em empresas, organizações, instituições, associações e cargos públicos [o melhor exemplo estrangeiro que conhecia foi purgado pelo sistema]. O problema é que esta malta persiste como parasitas nas costas deste país. À custa da sua mediocridade afectam a competitividade e a eficiência, agravam o deficit e são responsáveis pelo lastro de resistência à mudança. Sou de outra geração, como outros também o foram noutras gerações. Sou, como muitos outros e outras pessoas deste país, um exemplo da nova geração que acredita na mudança para melhor, num futuro melhor sustentado pela qualificação e competitividade dos nossos recurso humanos.

Na minha vida, sempre combati esta raça. Irei continuar a faze-lo.
À minha custa não sobreviverão.

Thursday, October 12, 2006

Alba













As cool as the pale wet leaves
of lily-of-the-valley
She lay beside me in the dawn.

Ezra Pound

J.

Tinha que ser. Mais ou mais cedo tinha que ser. Os meus sentimentos teriam inexoravelmente de vir parar aqui, prostrados na forma de palavras. Na semana passada conheci uma mulher [J. de seu nome e estrangeira por sinal] que teimo em não esquecer. Estou frustrado. Não me deixo levar facilmente por emoções. Mas esta deu-me a volta por completo. A sensação mais estranha e deveras intrigante, foi ter dado por mim a acordar a meio da noite a sonhar com ela. Nem sei bem o que eu vi nela. Talvez a forma [era brutalmente atraente], de certeza a forma. Não a simpatia [impenetrável] e ainda menos a proximidade física. [vive noutro continente]. Ainda revi as fotos em jeito de suspiro. Recordo as curtas conversas, mas a influência etílica sobre a qual as mantive, não ajuda nada. Recordo-me [you’re so different when you’re smiling]. Falei muito mais com a amiga, do que com ela própria. A amiga, bem se justificou da sua distância [problems…with life, with herself]. Problemas temos nós todos, respondi-lhe eu [life is tremendously challenging]. As amigas costumam ser óptimos veículos para perscrutar a vontade daquelas que desejamos. Ela bem me empurrou para a amiga [go and talk to her]. Foi então que as inúmeras pessoas que me conheciam e que naquele momento partilhavam aquele local fizeram-me vestir um escafandro pesado de mergulho. Nessa altura, o meu andar ficou pesado, a minha visibilidade turva da imensa lama que levantava quando tentava caminhar, os meus movimentos lentos do enorme peso da água. Fiquei parado. Recordo-me do seu sorriso quando me despedi. Talvez nunca o veja outra vez.

Wednesday, October 11, 2006

“Garanhão” de Liceu vs. “Pastor” de Sucesso

Nunca compreendi porque é que os critérios de escolha feminina das mulheres mudam tanto entre a adolescência e a fase adulta. No meu tempo, as adolescentes mais bonitas cobiçavam o típico garanhão de liceu, o miúdo engraçado que circulava apenas em veículos motorizados de duas rodas [as duas rodas também eu as tinha, mas uma delas era locomovida através de força muscular, o que não funciona tão bem em rituais de engate], e levava capacete para a aula, vestia bem e partia os corações das miúdas. Digo isto, em jeito de contextualização, como uma descrição científica, e não como uma manifestação de frustração. Não que eu fosse completamente tanso na altura, acho que nunca o fui, mas manifestamente estava arredado dos círculos mais cobiçados de rotatividade amorosa. A vida era difícil naqueles dias [devia era estar calado, nesses dias, e devo-o mencionar, tive uma namorada chamada Sónia que era lindíssima e que não gostou de mim por andar de bicicleta].

Voltemos ao que importa. As mulheres crescem, e os gostos mudam. Como eu as compreendo. Em alguns casos [e eu já reconheci alguns] o galã de mota transformou-se num contínuo do Continente. Ainda anda de mota, mas o seu impacto social diminuiu. Nesta fase, as exigências das mulheres são outras. Homens de sucesso, óculos, carro e casa de acordo com o Status social desejado. Com ar de pastor, mas decididamente com laivos de sucesso. As que escolhiam no liceu, continuam a escolher na fase adulta. São as que dominam o círculo social. São as cobiçadas como troféus pela beleza em jeito de complementaridade com os estofos de couro do BMW. Quanto mais bonitas melhor. Para elas o capacete dos tempos do liceu já foi símbolo de prestígio. Os pavões nesta idade usam penas muito diferentes. Algumas delas tão intangíveis como segurança, bom pai ou sucesso…Não haja dúvidas que as mulheres mudam. Algumas, não todas.

Motel













O meu blog pretende ser tão flexível como um Motel. Um local à medida das minhas ambições, oportunidades e disponibilidades. Onde não se fazem perguntas nem tão pouco se esperam respostas. Seja Bem-Vindo.

972 cal/h














é uma desgraça, mal começo já me apetece parar
ainda estou longe da meu recorde de aquecimento de 1056 cal/h, xiça!

O futuro é das mulheres

Temos que admitir que, para bem de muitos homens, a sociedade é maioritariamente machista. O homem domina, na maioria dos casos, os processos de decisão em instituições públicas ou privadas. A igualdade laboral ainda não chegou aos lugares de topo da decisão económico-financeira. As mulheres estão arredadas do poder em sociedades como a nossa.

Será para sempre? Talvez não. O peso relativo das mulheres nas áreas de formação leva a pensar que, no futuro, a vasta maioria das licenciaturas pertencerá a mulheres. De facto já pertence, mas as mulheres por tendência continuam a privilegiar os cursos de letras e algumas áreas científicas básicas. Para o aplicado e analítico estão cá os homens. Mas o peso destes diminuirá certamente, primeiro porque são insistentemente piores alunos e segundo porque a posição dominante destes na sociedade só pode evoluir por erosão da posição dominante. Veja-se os países Nórdicos. Ultraliberais em direitos e garantias das mulheres. Tão liberais que os homens foram ultrapassados socialmente por uma larga franja de mulheres que são muito mais activas, opinativas, participativas e decisivas na vida social e relacional. Aqui, as mulheres decidem em largo contraste com o Sul da Europa.

Assistimos a uma nova era. O modelo social no qual a civilização ocidental se baseia foi fortemente dominado pela figura masculina. Às mulheres foi historicamente reservado o papel da procriação [coitadas, houve tempos que até o sexo das crianças tinham que determinar], e o papel do pecado [admito que gosto bastante deste último]. No entanto, nesta nova era , o papel crescente das mulheres pode genuinamente mudar a forma social durante as próximas gerações. Resta saber se para melhor ou para pior.

Tuesday, October 10, 2006

Sebastião Rodrigo [até no nome me engano]

Conheci o Sebastião Rodrigo a meio de um Inverno, há alguns anos atrás. Parava ele no ainda não remodelado Guarany, na minha cidade do Porto. Naqueles dias, o tempo estava cinzento e chuvoso e a sua aparência não podia estar mais de acordo com as condições meteorológicas. Ele não bebia. Com jeito andrajoso e com ar de poucos amigos, vendia textos escritos como quem vende cautelas. Comprei-lhe alguns. Os textos estavam miraculosamente transcritos com canetas velhas e gastas e emoldurados por um papel sujo que há muito deixara de ter a sua cor original. Gostei de alguns, de outros nem tanto. Dos poucos que gostei, gostei o suficiente para os usar como meus. Fiz das palavras dele as minhas próprias palavras em várias ocasiões. Outros há [pessoas] que provavelmente terão feito igual [para talvez mostrar a sensibilidade que não possuem…como eu o fiz]. Acho que o pouco dinheiro pago não pressupõe, de forma alguma, a usurpação da sua criação intelectual. De forma errada usei esses textos como Autor deles fosse. Hoje não faço isso e o passado incomoda-me. Dos poucos textos que guardei, cito e publicito o que me resta ainda da sua memória, como que em jeito de arrependimento quisesse agora divulgar a verdadeira autoria daquilo que citei. Gostava um dia de o reencontrar. A azáfama do dia-a-dia pouco o permite. Desculpa-me Sebastião. Espero que estejas bem, onde quer que estejas. Um Abraço.

Viagem

Monday, October 09, 2006

Voltei

Voltei. Voltei depois da angústia à qual não fui indiferente. Voltei para reencontrar a mulher que me ama como poucas o farão. Voltei porque não fui indiferente ao sofrimento e angústia de quem completo. É terrível ser-se amado assim. Tal responsabilidade é brutal.

Saturday, October 07, 2006

until the end of the world









Haven`t seen you in quite a while
I was down the hold, just passing time
Last time we met it was a low-lit room
We were as close together as bride and groom
We ate the food, we drank the wine
Everybody having a good time
Except you
You were talking about the end of the world

I took the money, I spiked your drink
You miss too much these days if you stop to think
You led me on with those innocent eyes
And you know I love the element of surprise
In the garden I was playing the tart
I kissed your lips and broke your heart
You, you were acting like it was the end of the world

In my dream I was drowning my sorrows
But my sorrows they learned to swim
Surrounding me, going down on me
Spilling over the brim
In waves of regret, waves of joy
I reached out for the one I tried to destroy
You, you said you`d wait until the end of the world

Friday, October 06, 2006

Adeus














Foram quase cinco anos. Mas acabou.
Deixo para trás uma relação nem sempre fácil. Muitas vezes sofrida.
Tantas vezes recuperada e agora perdida.

Thursday, January 05, 2006

O sapato de David


Hoje fui nadar durante a hora do almoço. Na piscina quase vazia, ouvia, enquanto nadava, risos e vozes de vários deficientes que ali estavam, na pista extrema da piscina. Saí cansado da água e já com a piscina vazia. Após um duche rápido para voltar ao trabalho, até porque o dia ia ser longo, um dos deficientes que ficara atrasado no balneário, expressou um som incompreensível chamando a minha atenção para o nó cego do seu sapato que não conseguia deslindar.

Ainda molhado deparei-me a debater arduamente com o nó cego do sapato deste homem, enquanto este me olhava em silêncio com a expressão ansiosa de quem espera pelo resto da sua vida. Após várias e frustradas insistências, as minhas unhas começavam a ceder mais rapidamente do que o nó, que teimosamente persistia. Enquanto isso, o rapaz esperava em silêncio, até uma voz começar a chamar insistentemente à porta dos balneários: "David, então? Olha que já vamos embora!".

David não esmoreceu na sua espera, mantendo o olhar expectante. O nó foi finalmente vencido após a minha longa persistência. David ainda me pediu, no seu jeito desarticulado de falar sem nada falar, que lhe apertasse os sapatos. Coisa que fiz.

É terrível a dependência alheia. É terrível pensar que este homem nunca terá a sua. Só espero que tenha sempre alguém que lhe garanta a dignidade como ser humano dependente que é.

Não me esqueci

Não me esqueci do meu blog.
Não me esqueci de cada vir.
Apenas o tempo passa rápido.
Demasiado rápido para aqui escrever.