Monday, October 23, 2006

Haja blogs assim!

O Reduto Nortenho é uma lufada de ar fresco no rigor informativo [é tudo menos rigoroso] dos blogs de nova geração. O elevado cuidado na qualidade estética [isso tem bastante] e o apuro da escrita [quais Homeros dos tempos modernos] tornar-me-á um assíduo visitante.

Simplicidade













Gostava que a minha vida, por vezes, só às vezes, fosse um pouco mais simples.
Para mim, um desenho de Escher já seria simples o suficiente como metáfora da minha vida.
A minha vida, longe disso, complica-se. Gosto tanto de coisas simples.

Thursday, October 19, 2006

Uma Foto, Uma Cidade

Um pouco de cultura

Admito que gosto da cultura americana. Presenteou-nos com Hemingway, Steinbeck, Pollock...mas tenho que admitir que também gosto da verdadeira cultura de massas. Com destaque para a cultura em torno da mulher que a sociedade americana tão bem sabe produzir. Até porque sou homem e porque admito, sem falsos eufemismos, que gosto de mulheres. Ser culto e inteligente não implica necessariamente ser pastor cosmopolita com falsos pretensiosismos de intelectualóide assexuado.

Não que goste de toda a banalidade pornográfica. Mas é admirável como os americanos [que não o falso púdico do Sr. Bush] se empenham tanto no embelezamento femenino de coisas banais, e em especial de calendários. Melhor que Robert Capa ou Henri Cartier Bresson, o calendário da Sports Illustrated funciona como um brilhante representante da fotografia contemporânea Norte-Americana. Deixo aqui uma mostra.

Fosse Eu outra pessoa

A omissão é terrível. No Café do molhe, esqueci-me do seu Autor: Manuel António Pina.
Tirei o poema de um livro pequeno [que um homem decente compra livros], mas muito bom: Nenhuma palavra, nenhuma lembrança. Recomendo. É barato e na FNAC compra-se de certeza.

Gostaria Eu de ter a virtude da prosa e poesia deste Senhor. Como não tenho, transcrevo. Se escrevesse assim, não faria Eu o que faço e seria provavelmente muito mais feliz. Não que não goste do que faço, mas fico sempre com a impressão [como esta que tenho eu agora] que poderia também fazer outras coisas, mais ao gosto do comum dos mortais. Mas não, sou o que sou e faço o que faço.

Não tenho escrito muito. Mas há dias e há dias. E os meus dias [de hoje] são pobres em vontade de escrever, porque escrever recorda, porque recordar magoa, porque magoar amargura. Melhores dia virão.

Tuesday, October 17, 2006

Café do molhe














Perguntavas-me
(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)

porquê a poesia,
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia

que a resposta estava
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de Léon que Poe

(acho que era Poe)
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse

de pouco me teria
então servido, ou de nada.

Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito

sobre a mesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sobre a tua blusa acesa

que tudo o que soubesse não o saberia.
Hoje sei: escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada, por exemplo.

Justiça










Nunca mais me esqueci de um jogo do Porto com o Hamburgo, para os quartos-de-final da taça UEFA, época 89/90. Eu, da Superior Sul do Estádio das Antas, vi um defesa alemão a defender sobre alinha de golo um remate [já não me lembro de quem] com o braço. O árbitro não. O Porto não passou, apesar de ter ganho 2-1. Até hoje não me esqueço da frustração com que voltei para casa. Só foi pena, hoje, o Hamburgo não ter levado mais.

http://www.technorati.com/

Technorati Profile

Espeleologia















Vir aqui é descobrir um pouco mais de mim, é viajar às profundezas da minha construção emocional, é chegar ao centro do que sou.

Sunday, October 15, 2006

Escolha múltipla

Qual o propósito máximo de um blog pessoal e anónimo? [é que existem tantos…]

a. Partilharmo-nos a todos sem dizer quem somos?

b. Partilharmo-nos a todos sem saber quem somos?

c. Partilharmo-nos a todos para saber quem somos?

d. Nenhuma das anteriores

Pirata










Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.
A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.

Sophia de Mello Breyner

Que mundo criámos?

Saturday, October 14, 2006

Os incapazes

Não me aborrece lidar profissionalmente com incapazes. Lido a primeira e a última vez. O que me mata realmente é lidar insistentemente com incapazes com poder. Aqueles que, tipo lapa [a lapa tem os melhores sistemas adesivos do mundo animal], se apegam ao poder de forma insistente como se isso fosse a única tábua de salvação das suas vidas. Conheci uns tantos na minha vida. São aqueles de percursos obscuros [que outros também reconhecem – BG pelo menos] e pouco justificáveis. Atingiram os lugares por lógicas pouco relacionadas com o mérito pessoal [são medíocres]. Atingiram-no por questões de fidelidade, apadrinhamento ou vulgo cunha. De uma maneira geral, não possuem uma capacidade de auto-análise suficientemente desenvolvida para percepcionarem o quanto maus são e o quanto mal fazem. Conheci gente deste tipo em contexto nacional e internacional. Independentemente da nacionalidade, esta malta faz-se da mesma matéria: incapacidade de liderança, falta de visão estratégica, ignorância profunda, ausência de sentido de humor, prepotência q.b., e hipocrisia e cobardia em doses compatíveis. O problema desta gente, não é ser apenas assim. O problema desta gente é o grande dano que causa quando tem realmente poder. E acreditem, existe assim muita gente. Não é que sejam todos, todos iguais. São muito semelhantes. Mas há uns pior que os outros.

O problema de Portugal, com o nosso nacional-porreirismo, é que mantemos e continuamos a manter gente desta em empresas, organizações, instituições, associações e cargos públicos [o melhor exemplo estrangeiro que conhecia foi purgado pelo sistema]. O problema é que esta malta persiste como parasitas nas costas deste país. À custa da sua mediocridade afectam a competitividade e a eficiência, agravam o deficit e são responsáveis pelo lastro de resistência à mudança. Sou de outra geração, como outros também o foram noutras gerações. Sou, como muitos outros e outras pessoas deste país, um exemplo da nova geração que acredita na mudança para melhor, num futuro melhor sustentado pela qualificação e competitividade dos nossos recurso humanos.

Na minha vida, sempre combati esta raça. Irei continuar a faze-lo.
À minha custa não sobreviverão.

Thursday, October 12, 2006

Alba













As cool as the pale wet leaves
of lily-of-the-valley
She lay beside me in the dawn.

Ezra Pound

J.

Tinha que ser. Mais ou mais cedo tinha que ser. Os meus sentimentos teriam inexoravelmente de vir parar aqui, prostrados na forma de palavras. Na semana passada conheci uma mulher [J. de seu nome e estrangeira por sinal] que teimo em não esquecer. Estou frustrado. Não me deixo levar facilmente por emoções. Mas esta deu-me a volta por completo. A sensação mais estranha e deveras intrigante, foi ter dado por mim a acordar a meio da noite a sonhar com ela. Nem sei bem o que eu vi nela. Talvez a forma [era brutalmente atraente], de certeza a forma. Não a simpatia [impenetrável] e ainda menos a proximidade física. [vive noutro continente]. Ainda revi as fotos em jeito de suspiro. Recordo as curtas conversas, mas a influência etílica sobre a qual as mantive, não ajuda nada. Recordo-me [you’re so different when you’re smiling]. Falei muito mais com a amiga, do que com ela própria. A amiga, bem se justificou da sua distância [problems…with life, with herself]. Problemas temos nós todos, respondi-lhe eu [life is tremendously challenging]. As amigas costumam ser óptimos veículos para perscrutar a vontade daquelas que desejamos. Ela bem me empurrou para a amiga [go and talk to her]. Foi então que as inúmeras pessoas que me conheciam e que naquele momento partilhavam aquele local fizeram-me vestir um escafandro pesado de mergulho. Nessa altura, o meu andar ficou pesado, a minha visibilidade turva da imensa lama que levantava quando tentava caminhar, os meus movimentos lentos do enorme peso da água. Fiquei parado. Recordo-me do seu sorriso quando me despedi. Talvez nunca o veja outra vez.

Wednesday, October 11, 2006

“Garanhão” de Liceu vs. “Pastor” de Sucesso

Nunca compreendi porque é que os critérios de escolha feminina das mulheres mudam tanto entre a adolescência e a fase adulta. No meu tempo, as adolescentes mais bonitas cobiçavam o típico garanhão de liceu, o miúdo engraçado que circulava apenas em veículos motorizados de duas rodas [as duas rodas também eu as tinha, mas uma delas era locomovida através de força muscular, o que não funciona tão bem em rituais de engate], e levava capacete para a aula, vestia bem e partia os corações das miúdas. Digo isto, em jeito de contextualização, como uma descrição científica, e não como uma manifestação de frustração. Não que eu fosse completamente tanso na altura, acho que nunca o fui, mas manifestamente estava arredado dos círculos mais cobiçados de rotatividade amorosa. A vida era difícil naqueles dias [devia era estar calado, nesses dias, e devo-o mencionar, tive uma namorada chamada Sónia que era lindíssima e que não gostou de mim por andar de bicicleta].

Voltemos ao que importa. As mulheres crescem, e os gostos mudam. Como eu as compreendo. Em alguns casos [e eu já reconheci alguns] o galã de mota transformou-se num contínuo do Continente. Ainda anda de mota, mas o seu impacto social diminuiu. Nesta fase, as exigências das mulheres são outras. Homens de sucesso, óculos, carro e casa de acordo com o Status social desejado. Com ar de pastor, mas decididamente com laivos de sucesso. As que escolhiam no liceu, continuam a escolher na fase adulta. São as que dominam o círculo social. São as cobiçadas como troféus pela beleza em jeito de complementaridade com os estofos de couro do BMW. Quanto mais bonitas melhor. Para elas o capacete dos tempos do liceu já foi símbolo de prestígio. Os pavões nesta idade usam penas muito diferentes. Algumas delas tão intangíveis como segurança, bom pai ou sucesso…Não haja dúvidas que as mulheres mudam. Algumas, não todas.

Motel













O meu blog pretende ser tão flexível como um Motel. Um local à medida das minhas ambições, oportunidades e disponibilidades. Onde não se fazem perguntas nem tão pouco se esperam respostas. Seja Bem-Vindo.

972 cal/h














é uma desgraça, mal começo já me apetece parar
ainda estou longe da meu recorde de aquecimento de 1056 cal/h, xiça!

O futuro é das mulheres

Temos que admitir que, para bem de muitos homens, a sociedade é maioritariamente machista. O homem domina, na maioria dos casos, os processos de decisão em instituições públicas ou privadas. A igualdade laboral ainda não chegou aos lugares de topo da decisão económico-financeira. As mulheres estão arredadas do poder em sociedades como a nossa.

Será para sempre? Talvez não. O peso relativo das mulheres nas áreas de formação leva a pensar que, no futuro, a vasta maioria das licenciaturas pertencerá a mulheres. De facto já pertence, mas as mulheres por tendência continuam a privilegiar os cursos de letras e algumas áreas científicas básicas. Para o aplicado e analítico estão cá os homens. Mas o peso destes diminuirá certamente, primeiro porque são insistentemente piores alunos e segundo porque a posição dominante destes na sociedade só pode evoluir por erosão da posição dominante. Veja-se os países Nórdicos. Ultraliberais em direitos e garantias das mulheres. Tão liberais que os homens foram ultrapassados socialmente por uma larga franja de mulheres que são muito mais activas, opinativas, participativas e decisivas na vida social e relacional. Aqui, as mulheres decidem em largo contraste com o Sul da Europa.

Assistimos a uma nova era. O modelo social no qual a civilização ocidental se baseia foi fortemente dominado pela figura masculina. Às mulheres foi historicamente reservado o papel da procriação [coitadas, houve tempos que até o sexo das crianças tinham que determinar], e o papel do pecado [admito que gosto bastante deste último]. No entanto, nesta nova era , o papel crescente das mulheres pode genuinamente mudar a forma social durante as próximas gerações. Resta saber se para melhor ou para pior.

Tuesday, October 10, 2006

Sebastião Rodrigo [até no nome me engano]

Conheci o Sebastião Rodrigo a meio de um Inverno, há alguns anos atrás. Parava ele no ainda não remodelado Guarany, na minha cidade do Porto. Naqueles dias, o tempo estava cinzento e chuvoso e a sua aparência não podia estar mais de acordo com as condições meteorológicas. Ele não bebia. Com jeito andrajoso e com ar de poucos amigos, vendia textos escritos como quem vende cautelas. Comprei-lhe alguns. Os textos estavam miraculosamente transcritos com canetas velhas e gastas e emoldurados por um papel sujo que há muito deixara de ter a sua cor original. Gostei de alguns, de outros nem tanto. Dos poucos que gostei, gostei o suficiente para os usar como meus. Fiz das palavras dele as minhas próprias palavras em várias ocasiões. Outros há [pessoas] que provavelmente terão feito igual [para talvez mostrar a sensibilidade que não possuem…como eu o fiz]. Acho que o pouco dinheiro pago não pressupõe, de forma alguma, a usurpação da sua criação intelectual. De forma errada usei esses textos como Autor deles fosse. Hoje não faço isso e o passado incomoda-me. Dos poucos textos que guardei, cito e publicito o que me resta ainda da sua memória, como que em jeito de arrependimento quisesse agora divulgar a verdadeira autoria daquilo que citei. Gostava um dia de o reencontrar. A azáfama do dia-a-dia pouco o permite. Desculpa-me Sebastião. Espero que estejas bem, onde quer que estejas. Um Abraço.

Viagem

Monday, October 09, 2006

Voltei

Voltei. Voltei depois da angústia à qual não fui indiferente. Voltei para reencontrar a mulher que me ama como poucas o farão. Voltei porque não fui indiferente ao sofrimento e angústia de quem completo. É terrível ser-se amado assim. Tal responsabilidade é brutal.

Saturday, October 07, 2006

until the end of the world









Haven`t seen you in quite a while
I was down the hold, just passing time
Last time we met it was a low-lit room
We were as close together as bride and groom
We ate the food, we drank the wine
Everybody having a good time
Except you
You were talking about the end of the world

I took the money, I spiked your drink
You miss too much these days if you stop to think
You led me on with those innocent eyes
And you know I love the element of surprise
In the garden I was playing the tart
I kissed your lips and broke your heart
You, you were acting like it was the end of the world

In my dream I was drowning my sorrows
But my sorrows they learned to swim
Surrounding me, going down on me
Spilling over the brim
In waves of regret, waves of joy
I reached out for the one I tried to destroy
You, you said you`d wait until the end of the world

Friday, October 06, 2006

Adeus














Foram quase cinco anos. Mas acabou.
Deixo para trás uma relação nem sempre fácil. Muitas vezes sofrida.
Tantas vezes recuperada e agora perdida.