Tuesday, October 10, 2006

Sebastião Rodrigo [até no nome me engano]

Conheci o Sebastião Rodrigo a meio de um Inverno, há alguns anos atrás. Parava ele no ainda não remodelado Guarany, na minha cidade do Porto. Naqueles dias, o tempo estava cinzento e chuvoso e a sua aparência não podia estar mais de acordo com as condições meteorológicas. Ele não bebia. Com jeito andrajoso e com ar de poucos amigos, vendia textos escritos como quem vende cautelas. Comprei-lhe alguns. Os textos estavam miraculosamente transcritos com canetas velhas e gastas e emoldurados por um papel sujo que há muito deixara de ter a sua cor original. Gostei de alguns, de outros nem tanto. Dos poucos que gostei, gostei o suficiente para os usar como meus. Fiz das palavras dele as minhas próprias palavras em várias ocasiões. Outros há [pessoas] que provavelmente terão feito igual [para talvez mostrar a sensibilidade que não possuem…como eu o fiz]. Acho que o pouco dinheiro pago não pressupõe, de forma alguma, a usurpação da sua criação intelectual. De forma errada usei esses textos como Autor deles fosse. Hoje não faço isso e o passado incomoda-me. Dos poucos textos que guardei, cito e publicito o que me resta ainda da sua memória, como que em jeito de arrependimento quisesse agora divulgar a verdadeira autoria daquilo que citei. Gostava um dia de o reencontrar. A azáfama do dia-a-dia pouco o permite. Desculpa-me Sebastião. Espero que estejas bem, onde quer que estejas. Um Abraço.

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